quarta-feira, 25 de maio de 2011

Inibidores de apetite

“Foi uma conversa objetiva. Eu disse que não estava contente com meu peso. Fiz um exame de bioimpedância, que mede o Índice de Massa Corporal (IMC) na própria clínica, e saí de lá com duas receitas: uma fórmula com Anfepramona, para ser tomada duas vezes ao dia, e outra com substâncias como laxantes, calmantes e diuréticos, entre outras”, conta Emília.

Efeitos colaterais dos inibidores de apetite

Logo na primeira semana, surgiram efeitos colaterais como tontura, escurecimento da vista, taquicardia, falta de ar e, no caso de Emília, uma curiosa ojeriza a doces. “Não conseguia chupar uma bala. Também não tinha vontade de comer. Passava 14 horas sem ingerir nada. Era um sacrifício engolir uma colher de arroz e uma de feijão na hora do almoço”, recorda a tecnóloga que, mesmo com os sintomas incômodos, emagreceu nove quilos em 15 dias.
No 20º dia do tratamento, apesar de contente com a silhueta, o desconforto das reações, somado a fortes dores no estômago, levou Emília a reduzir, por conta própria, a dosagem da medicação pela metade. “Tomava as cápsulas em dias alternados. Nos dias sem remédio, sofria com medo de sentir fome, à medida que se aproximava a hora das refeições”, lembra ela.
A estratégia durou 10 dias, até que Emília abandonou as pílulas para emagrecer. Mas a privação durou pouco – nos dois meses seguintes ela voltou a engordar e recuperou nove, dos 15 quilos perdidos. Temerosa de retomar os 75 quilos iniciais, Emília não teve dúvidas: retornou ao médico e obteve nova prescrição de Anfepramona.

O Brasil está acima do peso ideal

Assim como Emília, 43,3% da população brasileira adulta está acima do peso ideal, e 13% deste total sofre de obesidade, segundo levantamento do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. Na ânsia de perder peso, muitas pessoas recorrem a consultórios médicos em busca de dietas, e nem sempre saem deles orientados a tentar mudar o estilo de vida por meio da reeducação alimentar e da prática de atividade física regular.
Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil desponta na lista de países que mais consomem estimulantes, principalmente anorexígenos – moderadores ou inibidores de apetite compostos, em sua maioria, pelos derivados de anfetamina Dietilpropiona (ou Anfepramona), Femproporex e Mazindol. De acordo com o relatório de 2008 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), órgão ligado à ONU, Argentina, Brasil e Estados Unidos ocupam, respectivamente, as três primeiras posições da lista, e juntos abocanham 78% do consumo mundial de estimulantes.
“Anorexígenos como a Anfepramo­na e o Femproporex são drogas psicotrópicas de venda legal e controlada. O problema não é a falta de prescrição, e sim a indicação para fins estéticos. O consumo é maior entre pessoas que não têm perfil para usá-las do que por aqueles que sofrem de obesidade”, resume a psicofarmacóloga Solange Nappo, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Inibidores de apetite derivados de anfetamina atuam no sistema nervoso central reduzindo a sensação de fome, mas provocam uma série de efeitos colaterais, além de causarem dependência. Há ainda outros anorexígenos, como a Sibutramina e o Orlistate, com composição e mecanismos diferentes, sem potencial de dependência. Nos últimos cinco anos, o faturamento da indústria farmacêutica no Brasil quase dobrou com a venda de anorexígenos: saltou de R$ 198,9 milhões (5,8 milhões de unidades vendidas) em 2004 para R$ 348 milhões (9,6 milhões de unidades) no ano passado, segundo dados do IMS Health (empresa de consultoria internacional especializada na área farmacêutica).
“É um negócio muito lucrativo. Mas excesso de peso não significa obesidade. A população é induzida por uma cultura da magreza, mas a mulher brasileira não é anglo-saxã: nosso patrimônio genético é opulento por causa da herança portuguesa, africana e indígena. E como é mais difícil mudar a imagem corporal apenas com dieta, apela-se para as drogas. Medicamento não foi feito para uso estético”, adverte o Dr. Elisaldo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), cujo Levantamento Domiciliar Nacional revela que duplicou a procura feminina por anorexígenos entre 2001 e 2005.
Apesar de indicados para o tratamento de pessoas realmente obesas – IMC acima de 30 ou 40 – ou para quem tem complicações relacionadas (diabete, hipertensão arterial, colesterol alto, problemas articulares) ou quem já tentou sem sucesso emagrecer pela reeducação alimentar, os anorexígenos vêm sendo prescritos para quem está com apenas cinco ou oito quilos a mais. Uma pesquisa do Cebrid atesta que 92% dos consumidores de anfetaminas são mulheres, e que 60% das que fazem uso apresentam IMC abaixo de 30.
“O uso abusivo de anorexígenos ocorre por uma série de fatores. Por um lado, há pacientes que não querem ter trabalho para emagrecer e acham que a solução está em um remédio milagroso; por outro, existem médicos que não querem perder tempo e saem prescrevendo inibidores. A consulta para quem quer emagrecer é demorada: ouvimos a história do paciente para descobrir como é sua rotina. É necessária uma mudança comportamental. O remédio apenas não resolve”, explica o endocrinologista Henrique Lacerda Suplicy, professor da Universidade Federal do Paraná.
É longa a lista de efeitos colaterais provocados pelo uso indevido de anorexígenos: insônia, irritabilidade, agitação, dores de cabeça, taquicardia, aumento da pressão arterial, prisão de ventre, tremores, perda da libido, depressão, alucinações e surtos psicóticos, entre outros. Isso sem falar no inevitável efeito rebote – o corpo readquire os quilos perdidos e mais alguns extras – e no risco de ocorrer dependência física e psicológica.

Inibidores de apetite podem engordar

“Fazer uso de inibidores sem necessidade é receita certa para engordar. O metabolismo fica bagunçado porque a pessoa não sente fome e quase não se alimenta. O corpo entra em sistema de alarme e fica econômico no gasto energético. Quando o remédio é suspenso, come-se exageradamente, pois o organismo tende a compensar a escassez”, explica a doutora Fernanda Scagliusi, professora do Curso de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista.
Uma descoberta assustadora obrigou Emília a suspender a medicação: durante um exame de rotina na empresa, no fim de 2005, foi identificado um caroço na tireoide. “Fiquei apavorada com a possibilidade de ser maligno. Parei imediatamente com os remédios, que tinham, entre as substâncias, um hormônio tireoidiano. Fiz uma ultrassonografia e, por sorte, era um tumor benigno”, diz, aliviada.
Alguns cuidados poderiam evitar sustos como o de Emília. Para a psicanalista Silvia Brasiliano, o fato de a fórmula ser individualizada faz o paciente achar que o remédio foi feito sob medida para ele. “O paciente também acredita que, por ser uma fórmula, trata-se de um medicamento natural. E o médico não adverte para o fato de o remédio poder causar dependência, além de não mencionar o efeito rebote. É comum a pessoa perder 10 quilos em três meses e ganhar 12 quilos nos dois meses seguintes”, explica a coordenadora do Programa de Atenção à Mulher Dependente Química (Promud), do Instituto de Psiquiatria da USP.
Embora a Anvisa proíba, desde 1998, a prescrição de fórmulas de anorexígenos com associações medicamentosas – ansiolíticos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, entre outros –, as receitas com tais combinações continuam circulando. “A Anvisa se compromete criando as leis, mas não há controle. O que ocorre é que são prescritas receitas separadas: uma destina-se às cápsulas com o anorexígeno, e a outra às demais substâncias. Eu já vi de tudo – desde receitas enviadas pelos correios até prescrições com nomes de pessoas diferentes”, diz o professor Suplicy.
A partir de janeiro de 2008 entraram em vigor medidas mais rígidas estabelecidas pela Anvisa para diminuir a prescrição e o consumo de anorexígenos no país: novo receituário (B2, de cor azul); a validade máxima da prescrição passou a ser de 30 dias a partir da emissão; e as doses diárias recomendadas foram fixadas para substâncias como Femproporex (50 mg/dia), Fentermina (60 mg/dia), Anfepramona (120 mg/dia) e Mazindol (3 mg/dia).
Além disso, começou a funcionar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) nas farmácias. Em todo o país, existem cerca de 70 mil farmácias e drogarias particulares – um terço delas está fora do controle on-line graças a uma decisão judicial – e há também 7.800 estabelecimentos de manipulação, cuja participação no SNGPC é voluntária. Apesar de ainda não ter sido concluído o balanço do primei­ro ano de implementação do SNGPC, a Anvisa assegura que já existem vários indícios de redução no consumo dos anorexígenos..

Como perder peso com saúde

O endocrinologista Márcio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), dá algumas orientações pa­ra quem deseja perder peso com a ajuda de um profissional de saúde.
“Durante a consul­ta, o médico precisa conversar seriamente sobre a mudança de comportamento, a prática de atividade física regular e a reeducação alimentar. Isso é a base do tratamento, mas os remédios podem ser úteis desde que usados com responsabilidade e critério”, diz Mancini.
Outra alternativa segura para quem está acima do peso é procurar, antes de tudo, a orientação de um nutricionista. “Este profissional identifica as causas da alimentação inadequada como, por exemplo, problemas emocionais. O risco de se começar a fazer dietas com inibidores e perder a autoestima é grande: a pessoa não se sente mais capaz de tomar conta do próprio corpo e fazer as mudanças no estilo de vida. É como parar de fumar”, previne a professora Scagliusi.
As experiências de Emília com inibidores não a impediram de se iludir novamente com o sonho de emagrecer sem esforço: em 2006, ela conseguiu uma prescrição de Femproporex e, como seu corpo não reagiu, Emília apelou para as cápsulas de Sibutramina. “Nada fazia efeito. Foi o golpe de misericórdia. Parei de vez com as dietas à base de remédios”, desabafa Emília, que se casou em 2007.
Mas a felicidade do matrimônio se refletiu na balança: em novembro de 2008, ela chegou aos 77 quilos. Emagrecer virou de novo uma preocupação. Desta vez Emília decidiu investir no plano de reeducação alimentar proposto por uma nutricionista.
“Consegui criar novos hábitos. Passei a comer em horários certos, a levar frutas para o trabalho, beber bastante água e praticar exercícios. Quan­do sinto vontade de comer uma coxinha, por exemplo, não me privo. A diferença é que não como várias, nem todo dia”, explica Emília, que chegou a ter 10 quilos a menos em março deste ano.
O bom exemplo que vem de Goiás
Além de acatar as determinações da Anvisa, o governo de Goiás vem inovando no controle da prescrição de anorexígenos no Estado. Uma resolução da Secretaria Estadual de Saúde limitou a 600 o total de receitas B2 que cada médico pode prescrever por ano. O número foi estabelecido após discussões do Conselho Regional de Medicina e do Ministério Público Estadual.
“Havia muitas irregularidades. Chegamos a identificar um médico, sem especialização em endocrinologia, que emitiu 12 mil receitas entre 2007 e 2008. Não havia qualquer tipo de limitação. Criamos um parâmetro, e os profissionais que quiserem uma quantidade superior devem encaminhar uma justificativa à Vigilância Sanitária e esta, após análise, encaminha ao Conselho Regional de Medicina. De todos os pedidos feitos até hoje, nenhum foi deferido integralmente pelo CRM”, esclarece a farmacêutica Mirtes Bezerra, diretora da Vigilância Sanitária de Goiânia, onde foi criado um novo turno de trabalho na parte da noite só para conferir estes receituários (nomes, doses, prescrições etc.).
Apenas em Goiânia houve uma redução de 20% na prescrição de receitas magistrais (fórmulas de manipulação). No entanto, houve aumento equivalente na venda de anorexígenos em farmácias e drogarias.
“Percebemos que o consumo migrou para os medicamentos industrializados, ou seja, apesar da implementação SNGPC, não houve redução no consumo desse tipo de medicamento. Além disso, o sistema ainda precisa ser aprimorado para cruzar as informações. Hoje, para driblar uma dosagem máxima recomendada, o médico passa duas prescrições. O paciente vai à farmácia em dias diferentes para aviar as receitas, e o SNGPC não acusa a irregularidade”, revela a diretora. A prescrição de anorexígenos por qualquer médico é permitida por lei, mesmo que ele não seja especialista em Endocrinologia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quando a comida se torna fatal por Seleções

Marina ferraz toma muito cuidado com qualquer coisa que come. Em sua casa, nada de frutos do mar. E quando viaja, especialmente para a praia, a preocupação fica maior ainda. Ela sempre interroga os garçons sobre os ingredientes usados nos pratos para ter certeza de que nada leva camarão. Exagero? Não quando se tem uma alergia grave que pode pôr sua vida em risco. “Tenho de estar sempre alerta”, diz a estudante de 17 anos, que mora em Jacutinga (MG).
Marina teve sua alergia diagnosticada aos 13 anos. Ela sabe que é extremamente sensível a certos alimentos, como o camarão, e que não pode baixar a guarda. Mas, há dois anos, um “cochilo” lhe trouxe sérias conseqüências. Ela estava na praia, em Riviera de São Lourenço (SP), num apartamento alugado por amigos. Um dia, quando voltou do banho de mar, o almoço era macarrão com molho de tomate. Que bom, sem frutos do mar, ela pensou.
Pouco depois da refeição, no entanto, Marina passou a sentir um incômodo muito forte. “Meu rosto começou a inchar… E a garganta parecia que ia se fechar. A respiração foi ficando cada vez mais difícil...”, conta ela. Enquanto era levada ao único pronto-socorro da cidade, Marina foi perdendo o ar e se desesperando. Mas o médico que a atendeu reconheceu de imediato os sintomas de um choque anafilático e lhe aplicou uma injeção de adrenalina – que, provavelmente, salvou sua vida.
Mais tarde, Marina descobriu que uma pequena quantidade de camarão havia sido adicionada para enriquecer o sabor do molho. E ela não percebeu, pois era tão pouco que não se viam pedaços. “Não faria diferença para ninguém”, conta ela que, até então, não sabia que, em casos de alergia grave, até mesmo o contato com uma pessoa que tenha manuseado o alérgeno pode disparar o gatilho das reações.
Lições básicasAs alergias alimentares podem atingir cerca de 5% da população brasileira, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai). As crianças são as mais atingidas porque ainda têm o sistema imunológico imaturo. Estima-se que até 8% das que não completaram 3 anos são afetadas. As reações mais comuns são diarréia e espasmos, distensão e dor abdominais, vômitos e erupções na pele, mas os casos mais graves podem levar a dificuldades respiratórias e circulatórias, até mesmo à desnutrição. Ao contrário do que se imagina, os choques anafiláticos (ver quadro na página 119) provocados por alimentos são mais comuns do que os provocados por medicamentos – e podem levar à morte. Nos Estados Unidos são registrados cerca de 150 casos desse tipo por ano.
A variedade de alimentos que pode causar reações alérgicas é quase infinita. Mas existem alguns com uma carga maior do que os especialistas chamam de “potencial alérgeno”. Na idade adulta os crustáceos são os campeões, seguidos por peixes, trigo, soja, amendoins e castanhas. Mas os piores vilões são a clara de ovo e, principalmente, o leite de vaca, com todos os seus derivados. “Esses dois são alimentos difíceis de substituir. O caso do leite é grave por se tratar de um alimento essencial para as crianças. E é preciso um rigor que deve ser estendido ao colégio e às festinhas”, diz o alergista João Bosco de Magalhães Rios, diretor da Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
E como substituir os ovos num bolo de aniversário, por exemplo? “É difícil. A gema é usada como emulsificante e corante. A clara torna as preparações altas e fofas”, explica a nutricionista Andréa Barcellos Mendes, da Vittafix, empresa especializada em alimentos para pessoas com necessidades especiais. “Pode-se tentar substituir a gema por manteiga e a clara por fermento. Não é a mesma coisa, mas o sabor não fica ruim.”
Ataque dos anticorpos
Quando você sofre de algum tipo de alergia alimentar, seu corpo reage à ingestão ou até mesmo à inalação e ao toque de uma proteína específica existente em um alimento como se ele fosse um invasor – um vírus, por exemplo. Essa proteína (antígeno) – inofensiva para a maior parte da população – leva todo o organismo do alérgico a entrar em um estado de guerra, produzindo anticorpos chamados imunoglobulina E (ou IgE). Lançados na corrente sanguínea, são esses anticorpos que vão desencadear a alergia.
O que acontece em seguida? A reação mais comum e imediata é o surgimento de coceira e vermelhidão pelo corpo. Ao mesmo tempo, o aparelho digestivo começa a sofrer com o ataque dos anticorpos, e a resposta vem na forma de vômitos e diarréia. Como os tecidos respiratórios podem ser afetados, espirros ou irritação na garganta também ocorrem.
Em geral, as reações ficam nesses três estágios e podem se suceder rapidamente ou em algumas horas. Mas também podem vir acompanhadas de uma séria queda na pressão arterial, que leva à exaustão e à perda de consciência e que, se não for revertida logo, pode levar à morte. “A reação alérgica às vezes é imprevisível e nem sempre se sabe até onde ela vai”, diz Ana Paula Moschione Castro, especialista em imunologia e médica do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas.
Não são só os vilões mais famosos, como os camarões, que podem desencadear uma reação alérgica. Alguns alimentos levam fama de maus sem merecer tanto, como o cacau, a base do chocolate. E outros, inofensivos para a maioria, causam sérios estragos para um alérgico, como abacaxi, cereja, kiwi e banana (estes dois últimos costumam provocar reações em quem é alérgico ao látex – um alérgeno renomado).
A revisora de texto Hermínia Totti, 47 anos, em dezembro do ano passado finalizou uma refeição com três cerejinhas. Poucos minutos depois, sentiu uma coceira forte nas mãos e nos pés. Passada uma hora, a língua e os olhos começaram a inchar. “Meu pescoço dobrou de tamanho de tão inchado. Minha garganta começou a se fechar. Eu não conseguia mais falar. Fiquei sem queixo, parecendo um monstro”, conta. Já tendo vivido um episódio semelhante anos antes, Hermínia ligou rapidamente para seu médico e, seguindo a orientação dele, tomou uma injeção de anti-histamínico, que evitou que a crise se agravasse. Dois dias depois, seu queixo ainda não havia voltado ao normal.
A carioca Hermínia é vítima de alimentos que parecem inofensivos: nectarina, cereja, ameixa e... pêssego! “Já senti irritação nas mãos só de passar diante de uma barraca de pêssegos na feira”, conta ela. “Depois desse último susto, redobrei a atenção com essas frutas que parecem tão inocentes.”
Estamos limpos demais?“Nos últimos vinte anos, as alergias alimentares estão em franca expansão. Temos um número maior de pessoas atingidas e de diagnósticos feitos”, diz Ana Paula Moschione Castro. Não há estatísticas oficiais no Brasil, mas esse aumento é um consenso, e não apenas aqui. Estudos americanos e ingleses indicam uma duplicação dos casos de alergia a amendoim em crianças nos últimos dez anos.
A hipótese mais popular entre os especialistas para explicar o crescimento explosivo dos casos de alergia alimentar é a higienista.  O nosso sistema imunológico é preparado para evitar e combater infecções. Porém, a melhoria das condições de higiene à medida que as sociedades vão evoluindo traz uma certa ociosidade a esse sistema, que acaba se voltando para o próprio organismo, provocando as reações alérgicas. A hipótese tem tanta aceitação que alguns especialistas defendem que os pais deixem os filhos se sujar mais nas brincadeiras.  
Outra explicação é a mudança dos hábitos alimentares. As crianças, cujo sistema imunológico é menos desenvolvido, estão deixando o leite materno cada vez mais cedo e se expondo a alimentos com alto potencial alergênico, como o leite de vaca e a soja. “O leite materno até os 6 meses de idade é a melhor forma de prevenir ou retardar o aparecimento de doenças alérgicas, principalmente as alimentares”, diz o imunologista Nelson Augusto Rosário Filho, diretor da Asbai e pesquisador da Universidade Federal do Paraná. E há ainda os perigos da cantina: salgadinhos e batatas fritas industrializados, aos quais são adicionados elementos como o sulfito (conservante) e o glutamato (realçador de sabor), capazes de despertar alergias ocultas.
Está em nossos genes?
O que se sabe é que as alergias tendem a ser mais comuns em determinadas famílias – mas nem sempre. “Qualquer pessoa pode desenvolver uma alergia. Mas, se há histórico familiar, as chances são bem maiores – em torno de 75%. E não necessariamente ao mesmo alérgeno que os pais”, afirma Nelson Augusto Rosário Filho, chamando a atenção para o fato de que os portadores de algum tipo de alergia alimentar – principalmente as crianças – são mais propensos a desenvolver doenças respiratórias.
Diagnóstico difícil
Os especialistas consideram alarmante o número de casos de alergia alimentar sem diagnóstico. “Há pessoas morrendo por conta disso”, afirma Margarida Maria Santana da Silva, nutricionista da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Bruno Pavan, hoje com 13 anos, passou bem perto disso. Desde o primeiro mês de vida, o garoto sofria com debilitantes cólicas abdominais. Durante dois anos, sua mãe, Teresa Pavan, levou o filho a mais de 20 médicos, que consideravam as ocorrências “normais para a idade dele”.
Com o tempo, as internações se tornaram uma rotina mensal. Aos problemas intestinais, juntaram-se os respiratórios, como a asma e os edemas de glote. Antes que uma médica, enfim, desconfiasse de um problema imunológico e encaminhasse Bruno a um imunologista gastropediatra, o garoto teve afetados seu desenvolvimento motor e a fala. O vilão? Uma grande variedade de alimentos, mas principalmente a proteína do leite de vaca, com o qual Bruno teve contato já no berçário.
“A falta de informação sobre alergia é muito grave. Meu filho chegou a ser alimentado com leite em um dos hospitais onde esteve internado. Tive de estudar para me informar”, conta Teresa, hoje nutricionista com especialização em alergia. Agora Bruno se alimenta exclusivamente com um leite medicamentoso importado que o Estado é obrigado a fornecer. “Mas a entrega é feita com atraso. Existe uma incompreensão da seriedade da doença.” Desde que recebeu o diagnóstico correto e alterou radicalmente sua alimentação, o garoto vem melhorando e existe a perspectiva de que seu organismo passe a tolerar alguns alimentos.
O diagnóstico das alergias nem sempre é fácil. Além de falsos-positivos, os testes disponíveis, cutâneos e sanguíneos, não são totalmente eficazes para detectar certos tipos de alergia, dependendo da proteína envolvida na reação. Mas assim mesmo esses testes são auxiliares importantes no diagnóstico. “Em outros casos, precisamos contar mais com nossa sabedoria clínica”, explica Ana Paula Moschione Castro.
A técnica da exclusão e da exposição ao alérgeno – quando o alimento suspeito de provocar as reações é retirado da dieta por alguns dias e depois reinserido para se observar as mudanças no organismo – às vezes é usada, mas exige acompanhamento muito cuidadoso, especialmente para as pessoas que sofrem complicações mais severas. Quando os resultados são positivos, exames complementares e biópsia podem ser utilizados para um diagnóstico mais seguro.
Esperança para o futuro
No momento, o único tratamento disponível contra as alergias alimentares é “detectar, evitar e substituir”, repetem os especialistas. É preciso ler os rótulos dos alimentos – nem sempre bem elaborados – e tomar cuidado com os sinônimos (albumina e caseína, por exemplo, que indicam a presença de proteínas do ovo e do leite, respectivamente) e com expressões como “pode conter traços”, pois a quantidade mínima de uma substância pode desencadear uma reação alérgica. E, claro, para os casos mais graves, é obrigatório portar adrenalina injetável.
Para Marina, Hermínia e Bruno, que já sentiram na pele o perigo das alergias, pesquisas como a do anti-IgE e a da imunoterapia (cuja idéia é “ensinar” ao sistema imunológico que os alimentos não são inimigos) são a esperança de dias mais tranqüilos. “Quando alguém se queixa de alergia, as pessoas acham que é só uma coceirinha”, diz Hermínia. “Mas a gente pode morrer disso.” Teresa, mãe de Bruno, que participa da organização do simpósio Imuno Rio 2008, completa: “Está  na hora de levarem a sério as dificuldades de quem sofre com alergia.”  
Alergia ou  intolerância?O crescimento dos casos detectados de alergia revelou outros perigos: o autodiagnóstico e a automedicação. Se você se sente desconfortável depois de comer, se apresenta coceira e placas vermelhas no corpo, alguém do lado já decreta: é alergia. Mas o caso pode ser de intolerância alimentar, que se refere a qualquer dificuldade que o organismo apresente para digerir um alimento. Um dos tipos mais comuns é a intolerância à lactose, açúcar presente no leite de vaca.

Mas o tipo de intolerância alimentar que vem chamando a atenção no momento é ao glúten, proteína presente em grãos como trigo e cevada e que é inofensiva para a maioria das pessoas. Estimativas da Universidade de Brasília indicam que pelo menos 300 mil brasileiros sofrem com essa intolerância – a chamada doença celíaca. E muitos portadores não se dão conta. “Não se faz o exame na rede pública. Essa é uma doença sistêmica, que cria problemas de memória, provoca epilepsia, desnutrição... Uma em cada dez pessoas de baixa estatura deve o problema à doença celíaca”, diz Margarida Maria Santana da Silva, nutricionista da UFV, ela também uma portadora que já sofreu conseqüências como abortos de repetição e escreveu o livro Convivendo com a doença celíaca. Diagnosticada por meio de biópsia, a doença celíaca só tem um tratamento: a abstenção de glúten.
Apesar de as intolerâncias alimentares serem desconfortáveis, as pessoas que sofrem com elas podem levar uma vida normal. Mas os perigos do autodiagnóstico são reais. “Se a pessoa começa a retirar alimentos da dieta por conta própria pode ficar desnutrida ou com carências nutricionais específicas, como a anemia (deficiência de ferro)”, informa Nelson Augusto Rosário Filho, da Asbai. Mas atenção: a falta de diagnóstico pode ser fatal!

O que fazer numa emergência
O choque anafilático (anafilaxia), a mais grave reação alérgica, atinge a pele e os sistemas respiratório e gastrointestinal, e pode levar à morte. A queda vertiginosa na pressão arterial, no entanto, é o efeito mais perigoso. O único tratamento seguro é evitar o alimento que provoca a alergia. Mas, em caso de exposição acidental, esteja preparado:
• Tenha sempre em mãos duas doses de adrenalina (epinefrina) injetável. “Não dá para sair de casa sem isso. E, se sentir qualquer sintoma, use rápido”, alerta a imunologista Ana Paula Moschione Castro, do Instituto da Criança.
• Tenha sempre também um anti-histamínico indicado pelo médico. Ele é uma medicação complementar à adrenalina.
• Se você for um alérgico com tendência a reações mais graves, deve portar um bracelete ou cartão que o identifique como tal, para que os procedimentos médicos adequados sejam prontamente tomados.
• Mesmo que os sintomas desapareçam, procure um pronto-socorro (mas não dirija). Uma onda de reações tardia, até 20 horas depois da primeira, não é incomum.

Como proteger sua família?• Se você desconfia que alguém da família sofre de alergia alimentar, procure um alergista imediatamente.
• Ao descobrir quais os alimentos a serem evitados, se possível mantenha-os fora de casa.
• Aprenda a ler os rótulos. O site da Vigilância Sanitária (anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/index.htm) traz informações e um bem elaborado Guia de bolso do consumidor.
• Mantenha um plano de emergência para lidar com uma crise. Mostre-o à família, aos amigos e a colegas de trabalho.
• Se você tem uma alergia alimentar identificada, nunca compartilhe comida, bebida, copos ou talheres. A outra pessoa pode ter tocado em alimentos que vão lhe provocar reações alérgicas.
• Quando estiver longe de casa, de preferência, carregue a própria comida. Nunca consuma nada a não ser que você saiba todos os ingredientes utilizados e como o
alimento foi preparado.
• Saiba que o beijo também pode transmitir os alérgenos.
• Consulte também os sites da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (asbai.org.br) e da Associação dos Celíacos do Brasil (acelbra.org.br), e o blog da Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio: blogdalergia.blogspot.com

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A sabedoria da felicidade

Foto: Faz Kashani
São três da tarde e estou sentada ao lado de um velhinho de olhos alegres, pele dourada e a boca quase sem dentes. É assim que a escritora Elizabeth Gilbert descreve Ketut Liyer, curandeiro indonésio de nona geração. Esta é a minha primeira visita a Ketut, e ele lê a minha mão. E me diz que encontrarei trabalho criativo pelo qual me apaixonarei. Também diz com certeza absoluta que acharei a minha alma gêmea. Logo, logo.
 
Elizabeth Gilbert está certa ao dizer que Ketut se parece com Yoda, personagem da série Guerra nas estrelas. Raramente o xamã encarquilhado sai do seu lar humilde em Ubud, na Ilha de Bali. Mas é provável que seu nome seja mais famoso agora, com o sucesso mundial da versão cinematográfica do livro de memórias de Elizabeth Gilbert, o best-seller Comer, rezar, amar, estrelada por Julia Roberts.
 
De acordo com a autora, Ketut é responsável pela previsão que mudou a sua vida. Foi a profecia dele que a levou a formular o conceito de Comer, rezar, amar – um ano de vida passado na Itália, na Índia e em Bali – e obter o adiantamento que permitiu tudo isso.
 
E a descrição encantadora de Ketut fez multidões de forasteiros baterem à porta dele. A vida antiga de obscuridade, a receitar remédios caseiros e rituais para os vizinhos, virou lembrança. Na minha visita mais recente, contei quase 20 pessoas – muitas levando o livro – que aguardavam com paciência que ele lesse as suas mãos.
 
Fato ou ficção?
 
Fui apresentada ao mundo de Ketut em uma livraria no aeroporto de Hong Kong. Era o início de 2008 e eu ia a Bali pela primeira vez. O livro era exibido com destaque, e imaginei que seria uma leitura inspiradora durante o voo de quatro horas até a “Ilha dos Deuses”.
 
Dê o nome que quiser: destino, providência, kismet ou apenas a velha, simples e burra sorte, mas, assim que achei minha poltrona e peguei o livro para ler, a senhora sentada ao meu lado puxou a câmera digital e, empolgada, começou a me mostrar fotografias de um balinês idoso de aspecto feliz. Entusiasmada, ela me informou que aquele era Ketut, o famoso curandeiro que ajudara Elizabeth Gilbert a sair da tristeza e encontrar o sucesso.
 
Curioso, mergulhei nas páginas do livro e decidi fazer uma visita ao adivinho. Será que ele estaria à altura das expectativas sobrenaturais criadas por Elizabeth Gilbert? Eu esperava que sim. Se ele realmente contribuíra com as aspirações dela de escritora, talvez conseguisse dar vida às minhas.
 
O curandeiro
 
Pedi ajuda a alguns colegas viajantes para encontrar o endereço de Ketut, e, num piscar de olhos, estamos a caminho de Ubud. Ao passar pelo portão da frente da casa, vimos um homem alegre, parecido com a descrição de Ketut, sentado na varanda exatamente como Elizabeth Gilbert escrevera. Lia a mão de duas australianas.
 
Ketut nos olha com um sorriso jovial e nos dá um aceno rápido e amistoso. Quando chega a nossa vez de nos sentarmos com ele, aquela sensação predominante de felicidade se mostra contagiosa. Embora fale um inglês muito básico, as palavras simples de Ketut são de entendimento universal e especialmente positivas.
 
É difícil descobrir detalhes exatos da sua vida. Parece que eles mudam um pouco depois de várias visitas. Sob a influência das reflexões de Elizabeth Gilbert, muita gente lhe pergunta a idade, mas o número continua a ser um mistério. Parece que, sinceramente, ele não se lembra do ano em que nasceu. Isso é muito comum entre os balineses, que acham que, na data do nascimento, o mais importante é o dia da semana.
 
Ketut começou a trabalhar como artista plástico e entalhador. Mais tarde, o avô lhe passou os conhecimentos e também o ofício de curandeiro, confiando-lhe pergaminhos sagrados com séculos de existência. Esses textos balineses antigos contêm muitas doutrinas diversas, com rituais sagrados e o tratamento de doenças comuns.
 
Voltei a Bali várias vezes depois daquela primeira visita. Em cada viagem, sempre visito Ketut. A fama de ter influenciado a hoje famosa Elizabeth Gilbert é que lhe dá o seu encanto. Muita gente quer reencenar a viagem da autora em Comer, rezar, amar, do mesmo modo que os mochileiros continuam a buscar na Tailândia A praia da adaptação do livro para o cinema, com Leonardo DiCaprio.
 
Ketut não é guru ou iogue, no sentido tradicional indiano. Não tenta penetrar nas profundezas da alma com olhos candentes para colaborar com a viagem rumo ao esclarecimento, nem parece aceitar alunos, como fez com Elizabeth Gilbert no livro. No entanto, cada visita é uma oportunidade de se banhar na aura de felicidade descomplicada que ele transmite.
 
Mais recentemente, acompanhando uma amiga, mencionei a Ketut que vira na Internet o trailer do filme Comer, rezar, amar, e na mesma hora ele me pediu que o passasse para ele. O filho Nyoman foi nos preparar uma xícara do forte café balinês (sempre servido sem filtrar, com o pó grosso enchendo o fundo da caneca) enquanto eu ia até uma lan house próxima carregar o trailer do filme no laptop.
 
Comer, rezar, amar
 
Ketut assistiu, com vivo interesse, ao começo do trailer, em que o ator que o representa faz a previsão para Julia Roberts: “Você viverá muito tempo [...] Perderá todo o seu dinheiro [...] Não se preocupe, vai recuperar tudo e retornará a Bali, e então vou lhe ensinar tudo o que sei.” O ator abre um sorriso amplo e quase desdentado bem parecido com o de Ketut.
 
Este me pede que repasse o trailer algumas vezes e observa: “Foram essas palavras mesmo que falei para a mulher de Nova York.” Ele quer dizer
Elizabeth Gilbert, cujo nome nem sempre consegue lembrar, muito embora tenha passado meses com ela, e visitantes tenham lhe dado exemplares do livro em todas as traduções disponíveis.
 
Então, ele desvia a atenção da tela do computador e, com os olhos brilhantes, pergunta: “Por que não me usaram? Sou muito mais bonito.” Na verdade, a pergunta é séria.
 
Ketut, o mais longe possível de Hollywood, não entende direito por que não poderia ser ele ali na tela. Tentei explicar que ser ator é muito tedioso, tendo de repetir as mesmas frases várias vezes o dia inteiro; é um serviço muito diferente de ser “Homem Santo”. Também digo que, normalmente, as pessoas não representam a si mesmas no cinema, ressaltando que “a mulher de Nova York” era representada por Julia Roberts. Ketut ainda não está completamente convencido. Para ele, esse é literalmente o papel que nasceu para desempenhar.
 
A sabedoria da felicidade
 
O sol já está se pondo e esse homenzinho mágico lê a mão de duas senhoras americanas. Escuto-o descrever um futuro parecido com o que previu para Elizabeth Gilbert:
 
“Agora você vai encontrar alguém para o resto da vida, que ficará muito feliz de estar com você, e não vai se divorciar de novo.” Os olhos delas brilham, do mesmo jeito que os meus devem ter brilhado durante a primeira visita.
 
O sucesso não traz necessariamente felicidade, mas a felicidade em si cria o sucesso. Acho que esse ditado é verdadeiro no caso de Ketut. A cada encontro, percebo que a maior parte das minhas expectativas originais, vindas das páginas de Comer, rezar, amar, era bastante equivocada. A alegria e o contentamento profundos de Ketut empolgam os visitantes e são como um estímulo para que busquemos concretizar as nossas aspirações, como fez a Elizabeth Gilbert.
 
A real magia de Ketut tem base em uma propriedade muito mais sutil e aparentemente humana: a sabedoria da felicidade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Aspirina: muito além de remédio, ela pode resolver pequenos problemas domésticos

Quando estamos com gripe ou dor de cabeça é muito comum ouvirmos de alguém “Toma uma aspirina que passa”. Mas além de curar gripes, resfriados e dores de cabeça repentinas, a aspirina tem muitas outras utilidades. Confira:
Aspirina é bom para: tirar manchas de suor
Antes de perder as esperanças de um dia tirar as manchas de suor da camisa branca que você adora, experimente triturar dois comprimidos de aspirina e dissolver o pó em 1/2 xícara de água morna. Deixe a parte manchada da roupa embebida na solução por um período de 2 a 3 horas. Você irá tirar as manchas de suor sem estragar o tecido.
Aspirina é bom para: recuperar a cor do cabelo
Nadar em piscina com cloro pode surtir um efeito perceptível - e desagradável - na cor do seu cabelo se ele for claro. Mas você pode recuperar a cor original do seu cabelo dissolvendo de 6 a 8 comprimidos de Aspirina num copo com água morna. Esfregue a solução no cabelo e deixe-a agir por 10 a 15 minutos.
Aspirina é bom para: secar espinhas
Mesmo quem já passou faz tempo da adolescência pode ter espinhas de vez em quando. Dê fim às irritantes erupções triturando 1 comprimido de Aspirina e molhando-o com um pouco de água. Aplique esta pasta na espinha e deixe-a agir por alguns minutos antes de lavar com água e sabonete. Ela vai reduzir a vermelhidão e aliviar a ardência. Se a espinha persistir, repita o procedimento até ela sumir por completo.
Aspirina é bom para: usar como anti-caspas
Controle a caspa do seu cabelo triturando 2 comprimidos de Aspirina e acrescentando-os à quantidade normal de xampu que você usa ao lavar seus cabelos. Deixe a mistura agir por 1 ou 2 minutos, enxágüe e lave novamente com xampu puro.
Aspirina é bom para: acabar com calosidades dos pés
Amoleça as calosidades dos pés triturando 5 ou 6 comprimidos de Aspirina. Faça uma pasta, acrescentando 1/2 colher de chá de suco de limão e 1/2 colher de chá de água. Aplique a mistura nas áreas afetadas, enrole o pé numa toalha morna e cubra-o com saco plástico. Depois de ficar sem pisar no chão por pelo menos 10 minutos, retire o saco e a toalha e esfolie o calo amolecido com pedra-pomes.
Aspirina é bom para: aliviar picadas e ferroadas
Controle a inflamação causada por picadas de mosquito ou ferroadas de abelha molhando a pele e esfregando 1 comprimido de Aspirina no local. Evidentemente, se você for alérgico a ferroadas de abelha, e sentir dificuldade respiratória, dor de barriga ou náusea depois da ferroada, busque socorro médico imediato.
Aspirina é bom para: manter as flores vivas e bonitas
Trata-se de um método comprovado de manter rosas e outras flores frescas que foram colhidas bonitas e vivas por mais tempo: jogue 1 comprimido de Aspirina triturada na água antes de dispor as flores. Outros produtos domésticos que você pode pôr na água para prolongar a vida do arranjo de flores são: um multivitamínico, 1 colher de chá de açúcar, 1 pitada de sal ou bicarbonato de sódio, e até 1 moeda de cobre. Também não se esqueça de trocar a água do vaso onde estão as flores com freqüência e repetir o procedimento.
Aspirina é bom para: usar como fertilizante
A Aspirina não é um elemento indispensável apenas para você, mas também para o seu jardim. Alguns jardineiros trituram os comprimidos para usar como agente fertilizante, ou misturam-nos em água para eliminar fungos do solo. Mas tenha cuidado ao usar Aspirina nas plantas, pois o excesso pode provocar queimaduras ou outros estragos. Para tratar a terra, a dosagem padrão deve ser de 1/2 a 1 comprimido por litro de água.
Aspirina é bom para: tirar manchas de ovo das roupas
Você derrubou um pouco de ovo cru na roupa enquanto cozinhava? Primeiro, raspe o máximo possível do ovo, depois tente limpar o resto com esponja e água morna. Não use água quente, pois ela vai endurecer o ovo. Se isso não remover completamente a mancha, misture água, creme de tártaro e 1 comprimido de Aspirina triturado. Passe a pasta na mancha e deixe agir por 30 minutos. Lave bem com água morna, e a mancha desaparecerá.
Extraído do livro Economize Fácil.

sábado, 7 de maio de 2011

Estresse: Causas e Prevenção - por Seleções

O estresse pode constituir um desafio estimulante. Apesar de algumas pessoas apresentarem bom desempenho sob estresse, a maioria consegue suportar situações de tensão só até certo ponto, a partir do qual podem começar a ter problemas físicos.
Os níveis dos hormônios do estresse caem, normalmente, logo que o estresse passa e podemos relaxar. Mas esses níveis podem continuar altos se a situação causadora de estresse se mantiver ou surgir com frequência, ou se em geral reagimos intensamente a qualquer tipo de estresse, ainda que de menor importância.
Cerca de 75% das doenças estão relacionadas com o estresse. Entre elas estão hipertensão, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (derrames), depressão, ansiedade, síndromes da fadiga crônica e do cólon irritável, distúrbios digestivos, obesidade, enxaquecas e alguns problemas respiratórios.
Longos períodos sob estresse perturbam o sistema imunológico, tornando-nos mais propensos a infecções, câncer e doenças autoimunes, em que o sistema imunológico ataca células do organismo. São exemplos a artrite reumatoide, o lúpus, as doenças da tireoide e certos tipos de anemia e de problemas de fertilidade. Fumar, comer demais e outras formas de dependência estão muitas vezes relacionados com o estresse.

Causas do estresse

São causas comuns de estresse prolongado:
  • Morte de pessoa muito chegada
  • Problemas nas relações afetivas
  • Preocupações monetárias
  • Desemprego
  • Má gestão do tempo
  • Descanso e lazer insuficientes
  • Tédio
  • Doença

Prevenção para o estresse

Nem sempre é possível evitar as situações que causam estresse, mas podemos alterar as nossas reações aos estímulos. Aprendendo estratégias de controle do estresse, podemos tentar utilizá-las quando necessário.
Isso permite que os níveis de hormônios do estresse baixem e ajuda-nos a enfrentar sem muita angústia o que a vida vai trazendo. Muitos fatores influem na nossa resposta ao estresse, como idade, sexo, educação, experiência, personalidade, expectativas e saúde.
 

terça-feira, 3 de maio de 2011

Antioxidante pode prevenir doença no fígado causada pelo álcool

Um antioxidante sintético chamado MitoQ consegue prevenir os danos causados ao fígado pelo consumo excessivo de álcool. A descoberta, feita por uma equipe americana financiada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e publicada no periódico Hepatology, poderá ser uma alternativa eficaz no tratamento da esteatose (acúmulo anormal de gordura no fígado), doença que pode levar à cirrose e ao câncer.

Para chegar aos resultados, a equipe de cientistas coordenada por Victor Darley-Usmar, da Universidade do Alabama, Estados Unidos, introduziu o MitoQ na mitocôndria de ratos, que ingeriam bebidas alcoólicas em excesso.

Gordura – Os alcoólatras crônicos, aquele que ingerem a bebida em excesso todos os dias, possuem um excesso de gordura nas células do fígado. Isso acontece porque, quando o álcool é metabolizado no fígado, os radicais livres que se originam acabam por danificar as mitocôndrias no órgão. Isso acaba, então, facilitando a formação de depósitos de gordura no fígado, desequilíbrio que pode levar à cirrose.

De acordo com a pesquisa de Darley-Usmar, no entanto, o antioxidante MitoQ consegue interceptar e neutralizar esses radicais livres antes que eles danifiquem a mitocôndria. Assim, é possível evitar que ocorra a cascata de reações químicas que acaba culminando no acúmulo irregular de gordura.

Mas, segundo Darley-Usmar, ainda são necessários mais estudos para comprovar a eficiência do tratamento com o antioxidante em humanos. “Infelizmente, estudos anteriores mostram que o uso de antioxidantes em humanos não é tão eficaz como prevíamos. Mas a nossa pesquisa tem uma diferença fundamental. Agora, nós localizamos uma região específica da célula, a mitocôndria”, diz.

Síndrome metabólica – Segundo o cientista, a descoberta da ação do MitoQ poderá ainda beneficiar pacientes com síndrome metabólica. “Essa síndrome tem uma interação complexa de fatores, causadas pela obesidade, que incluem danos ao fígado por um aumento nos radicais livres, na falta de oxigênio e no depósito de gordura. É algo muito similar ao que acontece com o consumo excessivo de álcool”, diz.