sexta-feira, 29 de abril de 2011

O mágico poder do sono

O poder mágico do sono e seus benefícios à saúde – Mulher dormindo Foto:

 
A diminuição das horas de sono aconteceu de maneira tão gradual que poucos pareceram notar. Qual teria sido o motivo das pessoas dormirem menos? O baby boom e as amamentações às duas da manhã? O crescente apelo da Internet, dos videogames e dos muitos canais de TV? E o nunca se desligar do trabalho? Qualquer que seja o motivo, a verdade é que milhões de pessoas privadas de sono estão colocando em risco a saúde, a qualidade de vida e até a longevidade. Novos fatos mostram por que dormir o suficiente deveria ser nossa prioridade.


Poder mágico do sono 1: dormir é viver mais e com mais saúde

Cerca de 30% dos brasileiros não estão contentes com seu sono e, para muitos, não dormir pode estar trazendo conseqüências ruins. “A relação entre sono e saúde e poucas horas de sono e doenças está se tornando cada vez mais clara”, afirma o Dr. Lawrence Epstein, autor de The Harvard medical school guide to a good night’s sleep (Guia da Escola de Medicina de Harvard para uma boa noite de sono). A duração do sono, por exemplo, diminuiu de uma média de oito horas na década de 1950 para sete nos últimos anos. Ao mesmo tempo que as horas de sono diminuiu, a hipertensão arterial tornou-se um problema crescente. Em geral, a pressão arterial e a freqüência cardíaca atingem os níveis mais baixos durante o sono; quem dorme menos tende a ter pressão mais alta. A associação entre hipertensão e duração do sono poderia explicar outras conclusões de pesquisas que vinculam a falta de sono ao aumento do risco de infarto, diabete, ganho de peso e outros problemas.

Uma noite de sono melhor pode ajudar a combater doenças. “Quando privadas de sono, as pessoas apresentam níveis mais altos de hormônios do estresse e de inflamações, que podem reduzir a função imunológica”, afirma o Dr. Phyllis Zee, diretor-adjunto do Centro de Sono e Biologia Circadiana da Universidade Northwestern, em Chicago.

Na verdade, o repouso também pode potencializar os efeitos da vacina contra a gripe. Num estudo da Universidade de Chicago feito com homens vacinados, aqueles com privação do sono (só lhes era permitido dormir quatro horas por noite) produziram menos da metade dos anticorpos contra o vírus da gripe do que os que dormiram a noite toda. Em resumo: quem dorme bem e tem um sono tranqüilo vive mais e melhor.


Poder mágico 2 do sono: o sono melhora sua aparência e faz você se sentir bem

Pessoas que dormem apenas quatro ou cinco horas de sono durante várias noites não só sentiram mais indisposições físicas como dor de cabeça e problemas estomacais, como sofreram alterações no metabolismo semelhantes às que ocorrem por causa do envelhecimento. Não é surpresa que nossa aparência é péssima depois de uma noite sem dormir.

E os hormônios do crescimento podem ser um dos motivos para que a aparência seja afetada depois de uma noite mal dormida. Eles são essenciais para manter nossa boa aparência à medida que envelhecemos. Os níveis destes hormônios caem muito entre os 20 e os 60 anos, diz o cirurgião cardíaco Mehmet C. Oz, co-autor da série de livros de saúde You (Você). “Os hormônios do crescimento rejuvenescem”, afirma ele. “Quando você tem altos níveis do hormônio, adquire massa muscular, pele bonita e uma aparência sexy. Assim, esses hormônios devem ser mantidos no mais alto nível possível, e a melhor forma de fazer isso é dormindo.”

Quando a aparência não está boa, podemos nos sentir tristes e inseguros, e nossos relacionamentos podem ser afetados. Então, durma mais para cuidar também da sua vida afetiva.



Poder mágico 3 do sono: o sono faz você ficar mais feliz e menos estressado

Dos adultos pesquisados em 2005 pela Fundação do Sono dos Estados Unidos, mais da metade afirmou que sofria de insônia pelo menos algumas noites por semana. Pessoas com insônia produzem taxas mais elevadas de hormônios do estresse, segundo pesquisa recente. Isso as deixa num estado hiperativo capaz de dificultar o sono. A incapacidade de dormir causa mais estresse, o que pode ter efeito devastador.

“Você fica deprimido e esquece tudo – a insônia foi a coisa mais horrível que já me aconteceu”, lembra Paul Nielsen, 42 anos, de Niles, Illinois. Ele conta que, durante o pior grau de sua insônia, passou 30 dias com apenas cerca de 30 horas de sono. “Perdi dias de trabalho. Cheguei a ir parar no meio do mato dirigindo porque simplesmente não conseguia mais me concentrar.”


“As pessoas que não dormem ficam deprimidas, e a depressão causa insônia, formando um círculo vicioso”, explica o Dr. Oz. “Mas sabemos que a recíproca é verdadeira: dormir mais e melhor pode tornar você mais feliz.”



Poder mágico 4 do sono: o sono faz o cérebro funcionar melhor

A privação de sono não afeta apenas sua saúde, mas também sua concentração, habilidade para resolver problemas, memória e humor. “Todos os fatores que perturbam a qualidade e a quantidade do sono podem ter conseqüências a longo prazo para o corpo e a mente”, afirma o Dr. Gerard T. Lombardo, diretor do Centro de Distúrbios do Sono no Hospital Metodista de Nova York.

A falta de sono, seja por insônia, trabalho ou diversão, pode ter efeitos cognitivos e físicos semelhantes aos causados pelo excesso de álcool. O desempenho de alguém que está acordado sem dormir ininterruptamente há 17 horas não é muito diferente do de quem tem no sangue o nível alcoólico de 0,05% (cerca de dois drinques em uma hora).

Então, para quem não dorme, prestem atenção: um novo estudo revela que as pessoas portadoras de duas cópias de uma variação do gene que ajuda a controlar nosso relógio biológico tendem a ter um padrão de sono do tipo “dormir tarde, acordar tarde”. Elas podem sofrer déficits cognitivos piores após a privação de sono, como esquecimentos e dificuldade de concentração.

Cerca de 1.500 mortes a cada ano resultam de acidentes de carro causados por pessoas que dirigem com fadiga por falta de sono. E um novo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed, em Maryland, mostra que a falta de sono pode afetar o julgamento moral das pessoas. Essa descoberta tem implicações óbvias para profissionais como médicos e soldados, cujas decisões geram conseqüências de vida ou morte. Mas imagine o que poderia acontecer se professores, executivos, advogados, operários e outros profissionais privados de sono estivessem mais sujeitos a lapsos morais. Um sono de qualidade pode significar uma melhor capacidade de decisão para todos.



Poder mágico 5 do sono: o sono emagrece

Estudos sugerem que quem dorme pouco é mais propenso a engordar. “Com a privação de sono, percebemos a redução do metabolismo e o aumento do apetite”, explica o Dr. Michael Breus, autor de Good night: the sleep doctor’s 4-week program to better sleep and better health (Boa noite: o programa de 4 semanas do doutor do sono para melhorar seu sono e sua saúde). O sono inadequado diminui os níveis de leptina, hormônio que nos faz sentir saciados, e aumenta os níveis de grelina, que provoca a fome.
“A privação do sono influencia as escolhas alimentares, levando a pessoa a desejar alimentos ricos em carboidrato e açúcar”, acrescenta ele. Isso ocorre porque a perda de sono reduz a sensibilidade à insulina, colocando o insone sob maior risco de desenvolver diabete tipo 2. Portanto, dormindo mais será cada vez mais fácil evitar os assaltos noturnos à geladeira!



Como o sono transformou a vida de uma mulher

Durante muito tempo, Jacqueline Rivera, 44 anos, funcionária pública, tentou vencer as enxaquecas diárias consultando diversos especialistas. Enquanto isso, seu médico a encorajava a tratar outros problemas de saúde: ela estava acima do peso, sofria de
hipertensão arterial, tinha colesterol alto e hiperglicemia. Mas foi apenas quando descobriu um problema de sono ter que tudo se resolveu.


Apnéia obstrutiva do sono: a causa do sono não relaxante

Jacqueline nunca tivera dificuldade de pegar no sono. Na verdade, costumava dormir de oito a nove horas por noite, e ainda cochilava durante o trajeto para o trabalho, na Vara de Família do Brooklyn, e na hora do almoço. Mas quando ela disse ao seu médico que, por mais que dormisse, acordava se sentindo exausta, ele a encaminhou para uma clínica do sono, onde passou a ser monitorada durante a noite. Foi então que Jacqueline descobriu que sofria de apnéia obstrutiva do sono, problema que a fazia parar de respirar várias vezes ao longo da noite, impedindo-a de ter um sono relaxante.

Uma vez tratada do perigoso distúrbio, ela passou a acordar sentindo-se ativa pela primeira vez em muitos anos. “Comecei a fazer exercícios”, conta. “Passei a me alimentar melhor, perdi 11 quilos e parei de fumar. Meu médico estava prestes a me receitar remédios, mas a pressão arterial, o colesterol e a glicose baixaram. Até minhas dores de cabeça se tornaram menos intensas e freqüentes. O bom sono me ajudou a fazer todas as outras coisas que precisava fazer.”

O resultado da cura da apnéia obstrutiva? “A melhor qualidade do sono”, afirma o Dr. Lawrence Epstein, especialista do sono de Harvard, “é talvez a maneira mais fácil de melhorar a saúde.”



O quanto de sono é suficiente?

Não existe receita para a quantidade ideal de sono. Ao contrário da consolidada teoria de que um adulto precisa de oito horas de sono por noiite, um noovvo estudo da Universidade do Estado de Washington sugere que a genética pode determinar a quantidade de sono necessária a um indivíduo. Isso talvez explique por que aquela pessoa que você conhece é alegre e parece nutrir-se com menos – ela simplesmente talvez tenha herdado genes do sono eficientes. Por outro lado, as pessoas que parecem precisar de muitas horas de sono talvez não estejam geneticamente programadas para isso. Podem sofrer de um distúrbio como a apnéia obstrutiva do sono, que interrompe o sono, mas que melhora com o tratamento adequado.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chocolate - por Seleções

 
O que dizer a quem não para de se queixar? Há quem seja viciado nos próprios problemas, quem adore culpar o marido, o chefe ou a sogra por todas as dificuldades. Mas há outros que preferem ir em frente. Para estes, proponho a estratégia que chamo de “escolher chocolate”. Aprendi isso anos atrás, num curso de autoaprimoramento, e ainda uso regularmente, porque funciona mesmo.
 
Imagine que você tem 6 anos e, toda vez que visita a sua avó, ela lhe oferece sorvete. É claro que você aceita, e ela lhe traz o único sabor que tem em casa: chocolate. Só que você é uma criança esquisita que não gosta de sorvete de chocolate e adoraria que a vovó oferecesse qualquer outro sabor, menos chocolate. Mas é só o que há na casa da dela. O que fazer?
 
Você poderia explicar com educação que não gosta de chocolate (e rezar para no futuro a vovó comprar outros sabores para a netinha predileta); ou comer o chocolate e ferver de raiva em silêncio; ou então “escolher chocolate”.
 
Em essência, escolher chocolate é escolher o que temos. Não o que queremos, nem o que gostaríamos de ter. E com “escolher” quero dizer escolher mesmo, embora pareça não
 haver opções.
 
Vejamos os relacionamentos: quem se parece comigo passa por ciclos de amor e ódio pelo parceiro. Às vezes, ficamos tanto tempo num relacionamento e nos acostumamos tanto a insistir nos defeitos do outro, que deixamos de ver por que, no princípio, gostamos daquela pessoa.
 
É a mesma coisa quando esquecemos, de forma conveniente, o que nos atraiu para um emprego, ou nos fez ficar amigos de alguém, ou insistir numa vocação. É preciso ficar atento para que se concentrar nos defeitos dos outros não vire hábito, a ponto de perdermos totalmente de vista os motivos que nos levaram a embarcar naquele bonde.
Toda vez que me falam de homens que traem as parceiras, em silêncio agradeço às estrelas não ter me casado com um conquistador. E fico ainda mais apaixonada pelo meu marido sempre que as minhas amigas se queixam do ronco dos delas, e prometo me tornar uma daquelas românticas que inventam cerimônias de confirmação para repetir os votos de amor na doença e na saúde.
 
“Escolher chocolate” é muito parecido com uma cerimônia de
confirmação. É dizer ao mundo que você fez determinada escolha e que continua escolhendo a mesma coisa com alegria.
 
O segredo de “escolher chocolate” é saber com clareza se conseguimos ou não conviver com algo. A indecisão é péssima, e a melhor maneira de sair do sofrimento é reexaminar o que nos levou a fazer a escolha inicial. Esse é um modo útil de identificar se algo mudou – e o que foi.
 
Na psicoterapia, os pacientes são estimulados a examinar a sua angústia em cada situação, para ter clareza das opções que existem na vida
e, se possível, transformar essas situações indesejáveis.
 
Então, por que não fazer o mesmo? Da próxima vez que se olhar no espelho e sentir a frustração de querer algo que não tem, tente ver com clareza. Acha mesmo que seria mais feliz em outro emprego? Com outro corpo, outro rosto? Quer realmente creme? Ou, sinceramente, será que não consegue aprender a ser feliz com o sabor que já tem?
 
Sugiro que dê ouvidos à sua voz interior; nunca se sabe, pode haver uma grande descoberta pessoal.
 
 
Algumas coisas que o coelhinho da Páscoa não vai lhe contra
 
Cá entre nós, eu não nasci ontem. A primeira referência escrita à minha existência data de 1678. Foi redigida por Georg Franck von Franckenau, professor de medicina de Heidelberg.
 
Como me puseram para entregar ovos de Páscoa? Sinto muito, não faço ideia. Ninguém sabe com certeza.
 
Veja bem, existe um monte de teorias. Uma delas tem a ver com as datas. A Páscoa sempre cai no primeiro domingo depois da Lua cheia que vier após o equinócio de primavera. É comum associar as lebres e coelhos à Lua. A nossa espécie também é um símbolo de fertilidade, e talvez isso tenha algo a ver com o caso.
 
Hoje, sou aceito quase universalmente como o animal da Páscoa. Mas, no passado, tive de me impor a concorrentes como a galinha, a cegonha e o cuco. Em algumas regiões, foram eles que começaram a distribuir ovos.
 
Em alguns países (principalmente na França), ainda há quem acredite que os sinos das igrejas trazem os ovos de Páscoa. Dizem que os sinos voam até Roma na sexta-feira da Paixão e voltam no domingo de Páscoa. Distribuem os ovos no caminho de volta. Até pode ser! No Brasil, o almoço com toda a família, no domingo, é garantia de iguarias deliciosas e preparadas especialmente para a data. Tudo para acompanhar os ovos de chocolate que a garotada adora – e que eu entrego sempre na data certa!
 
Aliás, todo mundo tem uma quedinha por este tal chocolate. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é o quarto maior produtor de chocolates no mundo, superado apenas pelos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra.
 
Alguns membros da minha família são considerados pragas; outros estão ameaçados de extinção. Os tapitis, ou coelhos-brasileiros (Sylvilagus brasiliensis), estão cada vez mais raros por causa do desmatamento em seu hábitat. E aí, quem vai entregar os ovos se nós desaparecermos? 
ASC

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Páscoa saudável Vitalcake



Dê saúde nessa páscoa: alfajores de fibras, tortinhas energéticas e casquinhas de fibra!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Viciados em doces - por Bijal Trivedi

Instalada no sofá, vendo televisão, sinto aquele desejo noturno. Quanto mais resisto, pior fica. Dali a 20 minutos, não consigo me concentrar; estou ansiosa e inquieta. Por fim, vou até o congelador, atrás do estoque do produto branco, e tomo uma dose. Quase na mesma hora, relaxo, com o cérebro inundado de prazer, enquanto a substância química corre pelas minhas veias. Não é fantástico o que algumas colheradas de sorvete podem fazer?
 
Para o meu cérebro, o açúcar é primo da cocaína. Há indícios convincentes de que os alimentos ricos em açúcar, gordura e sal – como quase toda junk food – consigam alterar a química do cérebro do mesmo modo que drogas altamente viciantes.
 
Alguns dizem que já há dados suficientes para justificar a regulamentação da indústria alimentícia pelo governo e imprimir alertas de saúde pública nos produtos com nível perigoso de açúcar e gordura. Um advogado americano afirma que pode haver indícios suficientes até para começar uma luta jurídica contra o setor de fast-food por anunciar conscientemente alimentos prejudiciais à saúde, numa repetição dos processos contra a indústria do fumo das décadas de 1980 e 1990. Com o nível de obesidade disparando no mundo todo, é óbvio que não sou a única a adorar doces, mas será que isso é tão grave quanto o vício em drogas?
 
No livro Lick the Sugar Habit (Derrote o hábito do açúcar), publicado em 1988, Nancy Appleton, “sucrólatra” confessa, apresentou uma lista de fatores para determinar se o leitor também era viciado. Desde então, a noção se tornou bastante comum.
 
Em 2001, os neurocientistas Nicole Avena e Bartley Hoebel começaram a estudar se o vício em açúcar tinha uma base biológica.
 
Dependentes de açúcar
Durante doze horas por dia, deram a ratos um xarope de açúcar com concentração semelhante à dos refrigerantes, além de água e ração normal para ratos. Dali a um mês, os ratos apresentavam um comportamento que, segundo os pesquisadores, era quimicamente idêntico ao dos ratos viciados em morfina. Eles se empanturravam de xarope e tinham sintomas de ansiedade quando este era retirado – sinal de síndrome de abstinência. O mais importante foi que os pesquisadores observaram que o cérebro dos ratos liberava o neurotransmissor dopamina sempre que eles se entupiam de xarope, mesmo depois de comê-lo durante semanas.
 
Isso não é normal. A dopamina estimula a busca do prazer, seja na comida, nas drogas ou no sexo. É uma substância química fundamental para o aprendizado, a memória e a configuração do sistema de recompensas. Nicole Avena explica que sua liberação seria de esperar quando comessem algo novo e não com um alimento ao qual estavam acostumados. Segundo ela, “esse é um dos marcos do vício em drogas”.
 
Depois desse estudo importante, várias outras experiências confirmaram os achados. Mas foram estudos recentes com seres humanos que fizeram a balança dos indícios pender a favor de rotular como vício o gosto por junk food. Costuma-se descrever o vício como amortecimento do sistema cerebral de recompensas provocado pelo uso excessivo de alguma droga. É o que acontece no cérebro dos indivíduos obesos, diz Gene-Jack Wang, do departamento médico do Laboratório Nacional de Brookhaven do Departamento de Energia dos EUA. Em 2001, ele descobriu no cérebro dos obesos uma deficiência de dopamina quase idêntica à dos viciados em drogas.
 
Em estudos subsequentes, Wang mostrou que basta apresentar a indivíduos não obesos o seu prato predileto para que uma área do cérebro chamada córtex frontal orbital, envolvida na tomada de decisões, se inunde de dopamina. A mesma área é ativada quando se mostra a viciados em cocaína um saquinho de pó branco.
 
Surto de prazer
Eric Stice, neurocientista do Instituto de Pesquisa do Oregon, vem tentando prever a propensão dos indivíduos ao vício em junk food observando como o cérebro reage ao receber uma “dose rápida” de milk-shake de chocolate.
 
Ele descobriu que adolescentes magros com pais obesos tinham um surto de dopamina mais forte do que os que tinham pais magros. “Há pessoas para quem comer é mais orgásmico”, diz ele. Quando essas pessoas comem demais, o sistema de recompensa se amortece, o que torna a comida menos satisfatória e as motiva a comer mais para compensar. Segundo Stice, é exatamente o que vemos no uso crônico de álcool e outras drogas.
 
Stice também demonstrou que certas pessoas têm reação amortecida à dopamina quando comem alimentos apetitosos. Isso as torna mais vulneráveis à obesidade, porque precisam comer mais para obter um nível compensador de liberação de dopamina.
 
Juntos, esses estudos indicam que há duas vias para o vício em comida: uma para quem acha a comida mais compensadora do que a média das pessoas, outra quando não é bastante compensadora.
 
Fast-food
É claro que a fast-food é mais do que uma boa dose de açúcar; está mais para um coquetel de açúcar, sal e gordura. O neurocientista Paul Kenny, do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida, vem verificando o impacto de uma dieta de junk food sobre o comportamento e a química cerebral dos ratos.
 
Ele queria saber se ratos que comessem junk food teriam reação semelhante à dos ratos viciados em cocaína. Usou três grupos de ratos. O grupo de controle só recebia ração-padrão. O segundo podia comer bacon, linguiça, chocolate e cobertura de açúcar durante uma hora por dia, com água e ração regular para ratos no restante do tempo. O último grupo recebia um bufê 24 horas do tipo coma-quanto-quiser, com junk food e ração para ratos.
 
Quarenta dias depois, Kenny retirou a junk food. Os ratos com acesso ilimitado a esse tipo de comida rejeitaram outros alimentos. “Foi como se tivessem adquirido aversão à alimentação saudável”, diz Kenny. Os animais levaram duas semanas para voltar a comer normalmente.
 
Kenny explica que o acesso ilimitado a uma droga como a cocaína causa forte impacto no cérebro, e seria de esperar que os efeitos viciantes da comida fossem menos acentuados. Mas “as mudanças ocorreram rapidamente e vimos efeitos impressionantes”.
 
Agora há quem afirme que a junk food rica em sal, açúcar e gordura dispare mecanismos biológicos tão poderosos e difíceis de combater quanto as drogas mais viciantes. Como controlamos as drogas por causa dos males que podem causar, seria hora de começar a endurecer a regulamentação da fast-food também?
 
John Banzhaf, advogado que, na década de 1960, ganhou um processo na justiça que obrigou as emissoras americanas de rádio e TV a ceder espaço gratuito para mensagens contra o tabagismo, está voltando a atenção para o setor de fast-food e o seu papel na promoção da epidemia de obesidade. Ele acredita que há pesquisas suficientes para que o Ministério da Saúde publique um relatório sobre o vício em comida, como fez em 1988 sobre o vício em nicotina. Mas admite que será uma luta complicada. “A fast-food não é uma [única] substância química, então não se pode perguntar se um cheeseburger triplo com bacon vicia”, diz ele. Seria necessário haver algo mais específico a respeito da quantidade de açúcar, sal e gordura.
 
Nos EUA, já há sinais do que vem por aí. As gorduras trans foram recentemente banidas de restaurantes de Nova York e da Califórnia, e, em escolas, os refrigerantes gasosos estão sendo tirados de algumas máquinas de venda, para se antecipar à lei que tornará essa exclusão obrigatória.
 
Não surpreende que o setor de alimentos e bebidas esteja se preparando para a luta. Esses alimentos só são viciantes para “um determinado subconjunto de consumidores que não exerce a necessária disciplina”, diz Hank Cardello, ex-executivo de empresas alimentícias, como a Coca-Cola.
 
Ele acredita que a isenção fiscal para empresas que produzam alimentos pobres em quilocalorias seja uma estratégia que não destruiria as que vendem fast-food. É claro que o poder supremo está nas mãos do consumidor.
 
Atesto que é possível romper o hábito. Depois de duas semanas de abstinência a frio, posso afirmar que consegui perder o hábito do sorvete. Ah, se eu conseguisse perder o vício em televisão...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quando a comida se torna fatal

Marina ferraz toma muito cuidado com qualquer coisa que come. Em sua casa, nada de frutos do mar. E quando viaja, especialmente para a praia, a preocupação fica maior ainda. Ela sempre interroga os garçons sobre os ingredientes usados nos pratos para ter certeza de que nada leva camarão. Exagero? Não quando se tem uma alergia grave que pode pôr sua vida em risco. “Tenho de estar sempre alerta”, diz a estudante de 17 anos, que mora em Jacutinga (MG).
Marina teve sua alergia diagnosticada aos 13 anos. Ela sabe que é extremamente sensível a certos alimentos, como o camarão, e que não pode baixar a guarda. Mas, há dois anos, um “cochilo” lhe trouxe sérias conseqüências. Ela estava na praia, em Riviera de São Lourenço (SP), num apartamento alugado por amigos. Um dia, quando voltou do banho de mar, o almoço era macarrão com molho de tomate. Que bom, sem frutos do mar, ela pensou.
Pouco depois da refeição, no entanto, Marina passou a sentir um incômodo muito forte. “Meu rosto começou a inchar… E a garganta parecia que ia se fechar. A respiração foi ficando cada vez mais difícil...”, conta ela. Enquanto era levada ao único pronto-socorro da cidade, Marina foi perdendo o ar e se desesperando. Mas o médico que a atendeu reconheceu de imediato os sintomas de um choque anafilático e lhe aplicou uma injeção de adrenalina – que, provavelmente, salvou sua vida.
Mais tarde, Marina descobriu que uma pequena quantidade de camarão havia sido adicionada para enriquecer o sabor do molho. E ela não percebeu, pois era tão pouco que não se viam pedaços. “Não faria diferença para ninguém”, conta ela que, até então, não sabia que, em casos de alergia grave, até mesmo o contato com uma pessoa que tenha manuseado o alérgeno pode disparar o gatilho das reações.
Lições básicasAs alergias alimentares podem atingir cerca de 5% da população brasileira, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai). As crianças são as mais atingidas porque ainda têm o sistema imunológico imaturo. Estima-se que até 8% das que não completaram 3 anos são afetadas. As reações mais comuns são diarréia e espasmos, distensão e dor abdominais, vômitos e erupções na pele, mas os casos mais graves podem levar a dificuldades respiratórias e circulatórias, até mesmo à desnutrição. Ao contrário do que se imagina, os choques anafiláticos (ver quadro na página 119) provocados por alimentos são mais comuns do que os provocados por medicamentos – e podem levar à morte. Nos Estados Unidos são registrados cerca de 150 casos desse tipo por ano.
A variedade de alimentos que pode causar reações alérgicas é quase infinita. Mas existem alguns com uma carga maior do que os especialistas chamam de “potencial alérgeno”. Na idade adulta os crustáceos são os campeões, seguidos por peixes, trigo, soja, amendoins e castanhas. Mas os piores vilões são a clara de ovo e, principalmente, o leite de vaca, com todos os seus derivados. “Esses dois são alimentos difíceis de substituir. O caso do leite é grave por se tratar de um alimento essencial para as crianças. E é preciso um rigor que deve ser estendido ao colégio e às festinhas”, diz o alergista João Bosco de Magalhães Rios, diretor da Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
E como substituir os ovos num bolo de aniversário, por exemplo? “É difícil. A gema é usada como emulsificante e corante. A clara torna as preparações altas e fofas”, explica a nutricionista Andréa Barcellos Mendes, da Vittafix, empresa especializada em alimentos para pessoas com necessidades especiais. “Pode-se tentar substituir a gema por manteiga e a clara por fermento. Não é a mesma coisa, mas o sabor não fica ruim.”
Ataque dos anticorpos
Quando você sofre de algum tipo de alergia alimentar, seu corpo reage à ingestão ou até mesmo à inalação e ao toque de uma proteína específica existente em um alimento como se ele fosse um invasor – um vírus, por exemplo. Essa proteína (antígeno) – inofensiva para a maior parte da população – leva todo o organismo do alérgico a entrar em um estado de guerra, produzindo anticorpos chamados imunoglobulina E (ou IgE). Lançados na corrente sanguínea, são esses anticorpos que vão desencadear a alergia.
O que acontece em seguida? A reação mais comum e imediata é o surgimento de coceira e vermelhidão pelo corpo. Ao mesmo tempo, o aparelho digestivo começa a sofrer com o ataque dos anticorpos, e a resposta vem na forma de vômitos e diarréia. Como os tecidos respiratórios podem ser afetados, espirros ou irritação na garganta também ocorrem.
Em geral, as reações ficam nesses três estágios e podem se suceder rapidamente ou em algumas horas. Mas também podem vir acompanhadas de uma séria queda na pressão arterial, que leva à exaustão e à perda de consciência e que, se não for revertida logo, pode levar à morte. “A reação alérgica às vezes é imprevisível e nem sempre se sabe até onde ela vai”, diz Ana Paula Moschione Castro, especialista em imunologia e médica do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas.
Não são só os vilões mais famosos, como os camarões, que podem desencadear uma reação alérgica. Alguns alimentos levam fama de maus sem merecer tanto, como o cacau, a base do chocolate. E outros, inofensivos para a maioria, causam sérios estragos para um alérgico, como abacaxi, cereja, kiwi e banana (estes dois últimos costumam provocar reações em quem é alérgico ao látex – um alérgeno renomado).
A revisora de texto Hermínia Totti, 47 anos, em dezembro do ano passado finalizou uma refeição com três cerejinhas. Poucos minutos depois, sentiu uma coceira forte nas mãos e nos pés. Passada uma hora, a língua e os olhos começaram a inchar. “Meu pescoço dobrou de tamanho de tão inchado. Minha garganta começou a se fechar. Eu não conseguia mais falar. Fiquei sem queixo, parecendo um monstro”, conta. Já tendo vivido um episódio semelhante anos antes, Hermínia ligou rapidamente para seu médico e, seguindo a orientação dele, tomou uma injeção de anti-histamínico, que evitou que a crise se agravasse. Dois dias depois, seu queixo ainda não havia voltado ao normal.
A carioca Hermínia é vítima de alimentos que parecem inofensivos: nectarina, cereja, ameixa e... pêssego! “Já senti irritação nas mãos só de passar diante de uma barraca de pêssegos na feira”, conta ela. “Depois desse último susto, redobrei a atenção com essas frutas que parecem tão inocentes.”
Estamos limpos demais?“Nos últimos vinte anos, as alergias alimentares estão em franca expansão. Temos um número maior de pessoas atingidas e de diagnósticos feitos”, diz Ana Paula Moschione Castro. Não há estatísticas oficiais no Brasil, mas esse aumento é um consenso, e não apenas aqui. Estudos americanos e ingleses indicam uma duplicação dos casos de alergia a amendoim em crianças nos últimos dez anos.
A hipótese mais popular entre os especialistas para explicar o crescimento explosivo dos casos de alergia alimentar é a higienista.  O nosso sistema imunológico é preparado para evitar e combater infecções. Porém, a melhoria das condições de higiene à medida que as sociedades vão evoluindo traz uma certa ociosidade a esse sistema, que acaba se voltando para o próprio organismo, provocando as reações alérgicas. A hipótese tem tanta aceitação que alguns especialistas defendem que os pais deixem os filhos se sujar mais nas brincadeiras.  
Outra explicação é a mudança dos hábitos alimentares. As crianças, cujo sistema imunológico é menos desenvolvido, estão deixando o leite materno cada vez mais cedo e se expondo a alimentos com alto potencial alergênico, como o leite de vaca e a soja. “O leite materno até os 6 meses de idade é a melhor forma de prevenir ou retardar o aparecimento de doenças alérgicas, principalmente as alimentares”, diz o imunologista Nelson Augusto Rosário Filho, diretor da Asbai e pesquisador da Universidade Federal do Paraná. E há ainda os perigos da cantina: salgadinhos e batatas fritas industrializados, aos quais são adicionados elementos como o sulfito (conservante) e o glutamato (realçador de sabor), capazes de despertar alergias ocultas.
Está em nossos genes?
O que se sabe é que as alergias tendem a ser mais comuns em determinadas famílias – mas nem sempre. “Qualquer pessoa pode desenvolver uma alergia. Mas, se há histórico familiar, as chances são bem maiores – em torno de 75%. E não necessariamente ao mesmo alérgeno que os pais”, afirma Nelson Augusto Rosário Filho, chamando a atenção para o fato de que os portadores de algum tipo de alergia alimentar – principalmente as crianças – são mais propensos a desenvolver doenças respiratórias.
Diagnóstico difícil
Os especialistas consideram alarmante o número de casos de alergia alimentar sem diagnóstico. “Há pessoas morrendo por conta disso”, afirma Margarida Maria Santana da Silva, nutricionista da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Bruno Pavan, hoje com 13 anos, passou bem perto disso. Desde o primeiro mês de vida, o garoto sofria com debilitantes cólicas abdominais. Durante dois anos, sua mãe, Teresa Pavan, levou o filho a mais de 20 médicos, que consideravam as ocorrências “normais para a idade dele”.
Com o tempo, as internações se tornaram uma rotina mensal. Aos problemas intestinais, juntaram-se os respiratórios, como a asma e os edemas de glote. Antes que uma médica, enfim, desconfiasse de um problema imunológico e encaminhasse Bruno a um imunologista gastropediatra, o garoto teve afetados seu desenvolvimento motor e a fala. O vilão? Uma grande variedade de alimentos, mas principalmente a proteína do leite de vaca, com o qual Bruno teve contato já no berçário.
“A falta de informação sobre alergia é muito grave. Meu filho chegou a ser alimentado com leite em um dos hospitais onde esteve internado. Tive de estudar para me informar”, conta Teresa, hoje nutricionista com especialização em alergia. Agora Bruno se alimenta exclusivamente com um leite medicamentoso importado que o Estado é obrigado a fornecer. “Mas a entrega é feita com atraso. Existe uma incompreensão da seriedade da doença.” Desde que recebeu o diagnóstico correto e alterou radicalmente sua alimentação, o garoto vem melhorando e existe a perspectiva de que seu organismo passe a tolerar alguns alimentos.
O diagnóstico das alergias nem sempre é fácil. Além de falsos-positivos, os testes disponíveis, cutâneos e sanguíneos, não são totalmente eficazes para detectar certos tipos de alergia, dependendo da proteína envolvida na reação. Mas assim mesmo esses testes são auxiliares importantes no diagnóstico. “Em outros casos, precisamos contar mais com nossa sabedoria clínica”, explica Ana Paula Moschione Castro.
A técnica da exclusão e da exposição ao alérgeno – quando o alimento suspeito de provocar as reações é retirado da dieta por alguns dias e depois reinserido para se observar as mudanças no organismo – às vezes é usada, mas exige acompanhamento muito cuidadoso, especialmente para as pessoas que sofrem complicações mais severas. Quando os resultados são positivos, exames complementares e biópsia podem ser utilizados para um diagnóstico mais seguro.
Esperança para o futuro
No momento, o único tratamento disponível contra as alergias alimentares é “detectar, evitar e substituir”, repetem os especialistas. É preciso ler os rótulos dos alimentos – nem sempre bem elaborados – e tomar cuidado com os sinônimos (albumina e caseína, por exemplo, que indicam a presença de proteínas do ovo e do leite, respectivamente) e com expressões como “pode conter traços”, pois a quantidade mínima de uma substância pode desencadear uma reação alérgica. E, claro, para os casos mais graves, é obrigatório portar adrenalina injetável.
Para Marina, Hermínia e Bruno, que já sentiram na pele o perigo das alergias, pesquisas como a do anti-IgE e a da imunoterapia (cuja idéia é “ensinar” ao sistema imunológico que os alimentos não são inimigos) são a esperança de dias mais tranqüilos. “Quando alguém se queixa de alergia, as pessoas acham que é só uma coceirinha”, diz Hermínia. “Mas a gente pode morrer disso.” Teresa, mãe de Bruno, que participa da organização do simpósio Imuno Rio 2008, completa: “Está  na hora de levarem a sério as dificuldades de quem sofre com alergia.”  
Alergia ou  intolerância?O crescimento dos casos detectados de alergia revelou outros perigos: o autodiagnóstico e a automedicação. Se você se sente desconfortável depois de comer, se apresenta coceira e placas vermelhas no corpo, alguém do lado já decreta: é alergia. Mas o caso pode ser de intolerância alimentar, que se refere a qualquer dificuldade que o organismo apresente para digerir um alimento. Um dos tipos mais comuns é a intolerância à lactose, açúcar presente no leite de vaca.

Mas o tipo de intolerância alimentar que vem chamando a atenção no momento é ao glúten, proteína presente em grãos como trigo e cevada e que é inofensiva para a maioria das pessoas. Estimativas da Universidade de Brasília indicam que pelo menos 300 mil brasileiros sofrem com essa intolerância – a chamada doença celíaca. E muitos portadores não se dão conta. “Não se faz o exame na rede pública. Essa é uma doença sistêmica, que cria problemas de memória, provoca epilepsia, desnutrição... Uma em cada dez pessoas de baixa estatura deve o problema à doença celíaca”, diz Margarida Maria Santana da Silva, nutricionista da UFV, ela também uma portadora que já sofreu conseqüências como abortos de repetição e escreveu o livro Convivendo com a doença celíaca. Diagnosticada por meio de biópsia, a doença celíaca só tem um tratamento: a abstenção de glúten.
Apesar de as intolerâncias alimentares serem desconfortáveis, as pessoas que sofrem com elas podem levar uma vida normal. Mas os perigos do autodiagnóstico são reais. “Se a pessoa começa a retirar alimentos da dieta por conta própria pode ficar desnutrida ou com carências nutricionais específicas, como a anemia (deficiência de ferro)”, informa Nelson Augusto Rosário Filho, da Asbai. Mas atenção: a falta de diagnóstico pode ser fatal!

O que fazer numa emergência
O choque anafilático (anafilaxia), a mais grave reação alérgica, atinge a pele e os sistemas respiratório e gastrointestinal, e pode levar à morte. A queda vertiginosa na pressão arterial, no entanto, é o efeito mais perigoso. O único tratamento seguro é evitar o alimento que provoca a alergia. Mas, em caso de exposição acidental, esteja preparado:
• Tenha sempre em mãos duas doses de adrenalina (epinefrina) injetável. “Não dá para sair de casa sem isso. E, se sentir qualquer sintoma, use rápido”, alerta a imunologista Ana Paula Moschione Castro, do Instituto da Criança.
• Tenha sempre também um anti-histamínico indicado pelo médico. Ele é uma medicação complementar à adrenalina.
• Se você for um alérgico com tendência a reações mais graves, deve portar um bracelete ou cartão que o identifique como tal, para que os procedimentos médicos adequados sejam prontamente tomados.
• Mesmo que os sintomas desapareçam, procure um pronto-socorro (mas não dirija). Uma onda de reações tardia, até 20 horas depois da primeira, não é incomum.

Como proteger sua família?• Se você desconfia que alguém da família sofre de alergia alimentar, procure um alergista imediatamente.
• Ao descobrir quais os alimentos a serem evitados, se possível mantenha-os fora de casa.
• Aprenda a ler os rótulos. O site da Vigilância Sanitária (anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/index.htm) traz informações e um bem elaborado Guia de bolso do consumidor.
• Mantenha um plano de emergência para lidar com uma crise. Mostre-o à família, aos amigos e a colegas de trabalho.
• Se você tem uma alergia alimentar identificada, nunca compartilhe comida, bebida, copos ou talheres. A outra pessoa pode ter tocado em alimentos que vão lhe provocar reações alérgicas.
• Quando estiver longe de casa, de preferência, carregue a própria comida. Nunca consuma nada a não ser que você saiba todos os ingredientes utilizados e como o
alimento foi preparado.
• Saiba que o beijo também pode transmitir os alérgenos.
• Consulte também os sites da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (asbai.org.br) e da Associação dos Celíacos do Brasil (acelbra.org.br), e o blog da Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio: blogdalergia.blogspot.com  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nutricionista recomenda alimentos para uma Páscoa saudável e nutritiva



A Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa estão se aproximando, junto com eles há uma grande variedade de pratos que são feitos com o intuito de deixar o almoço em família mais prazeroso, levando em consideração o sentido da data e a crença de cada um.

Para a nutricionista, Elaine Cristina Rocha de Pádua, pós-graduada em nutrição nas doenças crônico degenerativas do Hospital Israelita Albert Einstein e em Nutrição Clínica Funcional, é fundamental iniciar a refeição com um prato de salada verde e legumes cozidos. Para temperar utilizar um mix de óleos (veja receita) evitando os temperos prontos por possuírem um alto valor calórico e uma concentração significante de gordura. Seguindo a tradição do peixe na Sexta-Feira Santa, o bacalhau é bem vindo por todo o seu potencial nutritivo. Rico em vitamina B1, vitamina D, sódio, magnésio, proteínas e ácido graxo ômega-3 e ômega-6 que são grandes aliados na prevenção de doenças cardiovasculares e é um prato muito saudável. Lembrando que a quantidade de carboidratos das guarnições como o arroz e as batatas deve estar em equilíbrio.

Além do bacalhau, outros peixes que podem deixar o cardápio muito mais saudável são: salmão, pescada, atum e linguado. As carnes vermelhas magras como filé mignon, lagarto, coxão mole e patinho, e carnes brancas como peito de frango sem a pele, também são ótimas opções para o Sábado de Aleluia. Para o acompanhamento é indicado evitar as massas com molhos ricos em gorduras, como quatro queijo e molho branco. Dê preferência para as massas com molho de tomate caseiro.

Na hora da sobremesa opte por frutas in natura ou doces de frutas, que além de ser menos calórico são nutritivos e ricos em fibras. Porém, se a vontade de comer chocolate for irresistível, prefira os ovos de páscoa na versão meio amargo ou com uma maior concentração de cacau, já que os outros tipos de chocolates como ao leite, branco, trufado, entre outros, são preparados com muito açúcar e gorduras e quando consumidos em excesso podem trazer prejuízos a saúde. Segundo Pádua, muitos destes produtos possuem recheios ricos em gorduras trans que podem elevar os teores do colesterol (LDL Colesterol), e reduzir os níveis de colesterol bom (HDL Colesterol) no sangue, com isto, se consumidos em excesso os chocolates podem trazer problemas futuros como o aumento do peso e das taxas de colesterol e triglicérides no organismo.
Dica de receita: Mix de óleos
1 colher (sobremesa) óleo de linhaça;
1 colher (sobremesa) azeita extra virgem;
1 ramo de alecrim ou manjericão;
1 colher (café) de orégano.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Coma tangerina. Faz bem para o coração e ainda evita a obesidade

 

Estudo descobriu que a substância nobiletina, presente nos gomos da tangerina, impede a elevação do colesterol e ainda permite que o peso seja controlado
Redação Época
Para quem quer emagrecer, parece que um ótimo incentivo é uma fruta aparentemente comum, mas que possui propriedades extremamente saudáveis: a tangerina. Uma nova pesquisa desenvolvida pela Universidade do Oeste de Ontario, no Canadá, aponta que o fruto pode não apenas prevenir a obesidade, como oferece também proteção à diabetes do tipo 2 e à aterosclerose, uma doença venal responsável pela maioria dos ataques de coração e derrames.

O estudo descobriu que a substância nobiletina, presente nos gomos da tangerina, impede a elevação do colesterol e ainda permite que o peso seja controlado. A conclusão foi feita após testes serem realizados em ratos de laboratório submetidos a uma dieta altamente calórica, gordurosa e com muito açúcar.

Os pesquisadores dividiram os ratos em dois grupos: o primeiro foi alimentado com essa dieta de engorda, e todos os animais acabaram obesos. Eles apresentaram altos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de terem mais insulina e glicose no sangue e possuírem um fígado gordo. Por causa de todos esses problemas, os ratos tinham maior propensão a sofrer um acidente cardiovascular (AVC) e de desenvolverem diabetes.

O segundo grupo recebeu a mesma dieta, mas, conjuntamente, também ingeriu a niboletina. Esses ratos não apresentaram níveis maiores de colesterol nem de triglicerídeos, nem de insulina ou glicose. Eles ganharam peso, mas nada acima do normal, e seus corpos ficaram bem mais sensíveis aos efeitos da insulina. Além disso, a susbtância preveniu o acúmulo de gordura no fígado e estimulou processos de queima de excesso de gordura ao inibir os genes responsáveis pela fabricação da gordura.

“Os ratos que receberam a niboletine estavam, basicamente, protegidos contra a obesidade”, afirmou Murray Huff, autor da pesquisa. Segundo ele, o estudo também comprovou, após um tempo maior de observação, que a substância da tangerina também protegia os animais contra a aterosclerose, que pode levar a derrames e a um AVC. “O estudo abre as portas para que sejam feitas pesquisas novas sobre tratamentos adequados a essas doenças”, disse Huff.

O doutor Murray Huff vem pesquisando essa área de substâncias que combatam a obesidade há anos. Em 2009 ele descobriu que outra fruta, a toranja (grapefruit), também possuía uma substância eficaz na prevenção do ganho excessivo de peso - a naringenina. “O que é interessante é que a nobiletina é pelo menos dez vezes mais potente que a naringenina, além de proteger contra outras coisas que não só a obesidade”, afirmou Huff.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Casos de diabetes aumentam no Brasil

Falta de atividade física e má alimentação seriam as principais causas da doença
O aumento do sedentarismo e a piora na qualidade da alimentação têm sido as principais causas do aumento do diabetes no Brasil. O dado foi divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde.

O maior consumo de produtos industrializados, com maior teor de açúcar, aumenta a glicose no sangue e provoca a doença. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas em excesso traz complicações à saúde.

O crescimento da obesidade facilita o aparecimento do diabetes. A doença, segundo o Ministério da Saúde, é a terceira causa de morte no país. Os médicos recomendam que o brasileiro substituía os alimentos industrializados por mais verdura, legumes e frutas.

Por Carolina Abranches

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fibras para o seu Intestino!


Por:
Roberta Stella
Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP)

As fibras alimentares têm ocupado uma posição de destaque devido aos resultados divulgados em estudos científicos recentes que demonstram a ação benéfica desses nutrientes no organismo e, a relação entre o seu consumo em quantidades adequadas e a prevenção de doenças.

Um dado preocupante, quando se analisa o hábito alimentar da população brasileira, é que em geral, verifica-se uma baixa ingestão de alimentos fontes de fibras, principalmente nos grandes centros urbanos onde a correria do dia-a-dia influencia de forma negativa no estilo de vida das pessoas contribuindo para o maior consumo de produtos refinados, menor freqüência de alimentos naturais na dieta e a substituição de refeições caseiras por lanches rápidos, na maioria das vezes gordurosos e desbalanceados.

A presença de fibras em quantidades insuficientes na alimentação, por um período longo de tempo, pode contribuir para o aparecimento de doenças crônicas, como: constipação ou obstipação intestinal ("prisão de ventre"), doenças cardiovasculares e câncer de intestino. O aumento na ocorrência das doenças citadas justifica a importância de se atingir a recomendação diária de fibras (25 a 30 gramas para um adulto saudável) com o objetivo de reduzir os riscos de desenvolver tais patologias.

As indústrias de alimentos, aproveitando a oportunidade, invadiu as prateleiras dos supermercados com vários produtos enriquecidos em fibras, visando atender à demanda crescente de indivíduos interessados em resgatar hábitos saudáveis. Ao se deparar com um número grande de produtos, é comum surgirem dúvidas, como: O que escolher? Por que devo aumentar a ingestão de fibras na alimentação? Como posso obter a quantidade diária de fibras recomendada através do consumo de alimentos naturais?

Para você entender melhor o assunto, vamos começar com a definição de fibras! As fibras alimentares são componentes das paredes dos vegetais, não digeridos pelas enzimas do sistema digestivo humano, portanto não fornecem calorias. Esses nutrientes pertencem ao grupo dos carboidratos, encaixando-se na categoria dos polissacarídeos (carboidratos complexos).
Entretanto, apesar da ação benéfica das fibras no organismo, altas doses é desaconselhável, pois o excesso pode interferir negativamente na absorção de minerais, especialmente na de cálcio e de zinco.

Para aumentar o consumo de fibras, inclua gradativamente em sua dieta, as fontes alimentares mencionadas . Lembre-se também de ingerir maior volume de líquidos (8 a 10 copos por dia), permitindo assim que as fibras desempenhem melhor seu papel e que o sistema digestivo se adapte à nova situação.