Afinal, crianças preocupadas têm mais chance de chegar aos 90. Essa é uma das teses provocativas levantadas por um novo estudo sobre longevidade
Cristiane Segatto
POLÊMICA
O que explica a vida longa de idosos como os da foto? Muito trabalho, traumas e preocupações
O que explica a vida longa de idosos como os da foto? Muito trabalho, traumas e preocupações
Essa pergunta motivou a pesquisa dos psicólogos Howard S. Friedman e Leslie Martin, da Universidade da Califórnia. Desde os anos 90 eles investigam o destino de cada um daqueles 1.500 garotos espertos. O objetivo é entender como e por que alguns morreram precocemente enquanto outros se tornaram tataravôs. A história da pesquisa incomum que durou 80 anos e as mais recentes conclusões estão no livro The longevity project (Editora Penguin), publicado neste mês nos Estados Unidos e sem previsão de lançamento no Brasil.
Qualquer coisa que se publique sobre longevidade tem grandes chances de fazer sucesso. Uma busca rápida com essa palavra na livraria eletrônica Amazon revela que estão disponíveis 2.991 títulos. Há o manual que ensina centenas de maneiras de viver até os 100; outro que promete um ganho de 20 anos de vida; um terceiro que revela os 50 segredos das pessoas mais velhas do mundo; e mais um que promete levar o leitor à fronteira da imortalidade. Todos são baseados em conselhos genéricos e conhecidos: evitar o estresse, comer brócolis, fazer atividade física, cultivar relações sociais, ter um bom casamento.
Friedman e Leslie não recomendam nada disso. Eles desafiam o senso comum. Para viver mais é preciso evitar o estresse e as preocupações? Segundo a dupla, crianças preocupadas e menos otimistas chegaram aos 90 anos justamente porque cuidaram mais da saúde ao longo dos anos e buscaram relacionamentos mais satisfatórios. Trabalhar demais faz mal? De acordo com o livro, os sujeitos mais produtivos e comprometidos com o trabalho foram os que viveram mais. Casar prolonga a vida? Isso foi verdade apenas para os homens que eram felizes no casamento. Eles viveram mais que os separados. Para o sexo feminino, o casamento feliz não teve impacto sobre a longevidade. Mulheres satisfeitas com o marido viveram tanto quanto as divorciadas ou as viúvas.
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